domingo, 31 de outubro de 2010

História de uma gata

Sapateado:


História De Uma Gata

Chico Buarque

Composição: Enriquez/Bardotti - versão: Chico Buarque















III Mostra de dança: "Memória, a vida contada por um dançarino!"
















Tudo começa com o diálogo...
Jumento: - Querem saber? Me sinto melhor agora que somos três.

Gata: - Quatro!

Cachorro: - Que? Quem está aí?

Gata: - Sou eu, estou aqui na árvore, miau, eu sou uma gatinha.

Cachorro:- Au au!

Gata: - Ui ! Ai!

Jumento: - Para, cachorro. 1ª lição do dia, o melhor amigo do bicho é o bicho. E você gata desce da àrvore.

Gata: - Depende do programa.

Galinha: - Nós vamos à cidade, vamos fazer um cocococonjunto você também sabe cantar a sim, infelizmente...

Todos(menos a gata): - Infelizmente? ? ?

Gata: - Porque fazer um som não foi nada jóia pra mim.

Jumento: - Perdão como disse?

Gata: - Porque cantar um musica me custou muitíssimo, miau.

Todos(menos gata): - Conta.

E a Gata começa a cantar...











Me alimentaram

Me acariciaram

Me aliciaram

Me acostumaram

O meu mundo era o apartamento

Detefon, almofada e trato

Todo dia filé-mignon

Ou mesmo um bom filé...de gato

Me diziam, todo momento

Fique em casa, não tome vento

Mas é duro ficar na sua

Quando à luz da lua

Tantos gatos pela rua

Toda a noite vão cantando assim...









Reflexão:

"Os donos da gata ofereciam ao bichano de tudo e mais um pouco, só esqueciam que ela necessitava de algo que não era material, quantos jovens e/ ou crianças que recebem bens materiais e saem de casa em busca de drogas e aventuras? Quantos jovens e/ou crianças agem de forma contrária à gata da história, valorizam o dinheiro e rejeitam o amor de seus pais? Quantos responsáveis compensam a falta de amor presenteando seus filhos com inúmeros “brinquedos”? Quantos políticos trocam seus votos? E a fama? O querer aparecer?"








Nós, gatos, já nascemos pobres

Porém, já nascemos livres

Senhor, senhora ou senhorio

Felino, não reconhecerás


Reflexão:


Nós temos livre arbítrio para escolher os caminhos que devemos seguir, seja com ou sem dinheiro.















De manhã eu voltei pra casa

Fui barrada na portaria

Sem filé e sem almofada

Por causa da cantoria

Mas agora o meu dia-a-dia

É no meio da gataria

Pela rua virando lata

Eu sou mais eu, mais gata

Numa louca serenata

Que de noite sai cantando assim



Reflexão:

"O retorno pode ser doloroso!

O que fazer?

Qual o preço que o ser humano paga para viver bem com ou sem dinheiro?

O que valorizar ou economizar: dinheiro ou valores / virtudes?"



A música História de uma gata faz parte do musical “Os saltimbancos”, versão da história “Os músicos de Bremen”.























Nesta história, um burro, um cão, um gato e um galo, maltratados pelos seus donos, abandonam-nos e decidem ir para Bremen, uma cidade onde conhecerão a liberdade.

No caminho para Bremen, vêem luz numa casa; espreitam dentro e vêem quatro ladrões desfrutando do produto de seu roubo. Apoiados nas costas uns dos outros, decidem cantar, na esperança de serem alimentados. A sua 'música' tem um efeito inesperado: os homens fogem, não sabendo a origem de tão estranho som. Os animais tomam posse da casa, comem uma boa refeição, e deitam-se para dormir.

Durante a noite, os ladrões regressam e um deles entra na casa para investigar. Ao ver os olhos do gato brilhando no escuro, pensa que sejam brasas e inclina-se para acender a sua vela. Numa rápida sucessão de acontecimentos, o gato arranha-lhe a cara, o burro dá-lhe um coice, o cão morde-lhe e o galo afugenta-o porta fora, cacarejando. O homem diz aos seus companheiros que foi atacado por monstros: uma bruxa horrível que o arranhou com as suas enormes unhas (o gato), um gigante que lhe deu uma paulada (o burro), e pior de tudo - um juiz que gritou aos seus ouvidos "Peguem esse patife"(o galo). Os ladrões abandonam a casa às estranhas criaturas que dela se apossaram, onde os animais vivem felizes até ao final dos seus dias.

Esta fábula tem um significado óbvio: os quatro animais representam as diferentes classes do povo (Clero, Nobreza e Servos); os seus donos os regentes feudais (O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média.

Segundo o teórico escocês do Iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo nomadismo e sucedido pelo capitalismo em certas regiões da Europa. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei lhas dava. Os camponeses cuidavam da agropecuária dos feudos e, em troca, recebiam o direito a uma gleba de terra para morar, além da proteção contra ataques bárbaros. Quando os servos iam para o manso senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto quando para lá se dirigiam a fim de cuidar das terras do Senhor Feudal.), desse tempo. Bremen, uma cidade livre Hanseática onde não existia feudalismo, era o local natural para se viver sem amos.

Bremen recorda esta história através de uma estátua de bronze de dois metros de altura ao lado da Câmara Municipal (Rathaus).

A História de uma gata foi relacionada com o tema da CF/2010, o estudo aconteceu em forma de informações ( “Você sabia que?...), sentar para fazer encontro foi impossível até porque as denominações religiosas de cada participante do grupo de sapateado é bem eclético. O importante foi relacionar a música com o tema e o lema. Com o diálogo questões foram discutidas entre uma batida da chapa e outra.

O fato é que a mudança é individual para depois partir para o grupo, não é fácil colocar o ser humano como centro participante na construção do bem comum e dizer a ele que deve cooperar para garantir seus direitos e conquistas.

A sociedade de privilégios e lucros falam mais alto, o povo deve participar ativamente na construção do dia-a-dia, o dinheiro é o meio de troca mais utilizado em nossa sociedade podendo ser empregado de forma positiva ou negativa, o simbolismo desta história é servir ou ser servido pelo dinheiro, e uma da questão é: Sabemos o que o dinheiro representa em nossa vida?


Contextualização

1 – Remota, distante, na Europa

- Feudalismo – século XVI

- Classes populares metaforizadas no conto: servo (burro), cavaleiro (cachorro), vilão (gato), artesão (galo).

- donos dos animais: senhores feudais.

- Bremen: cidade onde o regime feudal, por razões histórico-políticas, não imperava, assim, era possível viver sem amos.

- Neste regime, era dever do senhor feudal cuidar do servo, mesmo quanto este envelhecesse, porém isto nem sempre acontecia.


2 – Próxima, em nossos dias, em nosso país (Brasil)

- situação de pobreza em que vive a maior parte da população e os velhos e condições de trabalho: salários baixos, impostos altos, falta de privilégios, abandono na velhice.

- busca da liberdade


Contextualizando a História de uma gata com Campanha da Fraternidade 2010:

















O tema da Campanha da Fraternidade 2010 é "Fraternidade e Economia" e o lema é "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6, 24).

Objetivo geral da Campanha é "Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão". Portanto a Campanha da Fraternidade 2010 quer unir as Igrejas Cristãs e, principalmente a nossa sociedade, que é formada por pessoas de boa vontade, na promoção de uma economia a serviço da vida, sem exclusões, criando uma cultura de solidariedade e trazendo a paz. A Campanha vai nos ajudar a reconhecer nossa omissão diante das injustiças que causam exclusão social e miséria. Hoje precisamos combinar eficiência econômica, justiça social e prudência ecológica, percebendo a relação e a importância do meio ambiente nas atividades de desenvolvimento econômico, social e cultural.

O Texto-Base da Campanha insiste que a economia existe para a pessoa e para o bem comum da sociedade, não a pessoa para a economia. O lema da Campanha, a afirmação de Jesus registrada no Evangelho de Mateus: "Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro" (Mt 6,24) nos propõe uma escolha entre os valores do plano de Deus e a rendição diante do dinheiro, visto como valor absoluto dirigindo a vida (Texto-base, p.47). O dinheiro, embora necessário, não pode ser o supremo valor dos nossos atos nem o critério absoluto das decisões dos indivíduos e dos governos. O dinheiro "deve ser usado para servir ao bem comum das pessoas, na partilha e na solidariedade". Toda a vida econômica deveria ser orientada por princípios éticos. A medida fundamental para qualquer economia é um sistema que deveria criar reais condições de segurança e oportunidades de desenvolvimento da vida de todas as pessoas, desde os mais pobres e vulneráveis. O capitalismo selvagem trabalho no sentido oposto. Não se importa com a destruição da natureza ou com o fato de que está tornando sistêmica a miséria de milhões de famílias.

Na história humana, marcada por ambições, explorações, injustiças e ganância, a Bíblia se volta decididamente para a defesa dos pobres. No âmbito social, a Bíblia nos mostra profetas acusando reis e gente poderosa que enriquece à custa do povo e não cuida bem daqueles a quem deveriam servir (Is. 3,13-15; Jr 5, 27-29: Ez 34, 2-4 etc.). No âmbito comunitário, a Bíblia fala sobre a diária do trabalhador que deve ser paga no mesmo dia, pois ele precisa disso para viver (Ex 19, 13), e ao socorro que devemos prestar aos pobres (Dt 15, 7-11). No âmbito pessoal somos chamados a evitar corrupção e desonestidade e viver a partilha no amor fraterno. As palavras de João no Evangelho de Lucas (Lc 3, 10-14) nos oferecem uma orientação clara nesta área. (cf. p.48 do Texto-Base).

O Texto-Base da Campanha deve ser um instrumento à disposição das comunidades cristãs e de todas as pessoas de boa vontade para enfrentar, com consciência crítica, os temas do desenvolvimento e da justiça, da economia e da vida humana no Brasil e no mundo. Precisamos denunciar a perversidade de todo modelo econômico que vise em primeiro lugar o lucro, sem se importar com a desigualdade, miséria, fome e morte. A Campanha nos convida a lutar para: incluir a alimentação adequada entre os direitos previstos na Constituição Federal; erradicar o analfabetismo; eliminar o trabalho escravo; combater o trabalho infantil; conseguir uma tributação justa e progressiva; garantir o acesso à água e continuar a luta pela Reforma Agrária.



Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald *



* Redentorista e Assesssor da CNBB-Reg. NE1

A magia de contar histórias...

A magia de contar histórias...
O encanto de ouvir as histórias!