Por Rodrigo de Luna
Apesar dos santos viverem em profunda humildade, escondendo-se de si mesmos e do mundo por amor a Nosso Senhor - assim como fez a Santíssima Virgem Maria - suas vidas se tornam públicas tempos depois. Ouvimos e estudamos histórias extraordinárias que nos inspiram a viver assim como eles uma vida santa. Acontecimentos que marcaram suas vidas, tristezas e alegrias. Tudo, tudo aquilo que os ajudaram a criar uma vida de humildade e desprezo do mundo, e, consecutivamente a santidade reconhecida primeiramente por Deus, depois pela Santa Igreja e finalmente por nós.
Uma das vidas mais desconhecidas por muitos, mas que graças a Deus
conheci, é de uma beata que eu faço questão de usar de minhas próprias palavras
para contar a vida dela.
Conheci a história por acaso. Hoje a tenho como uma das minhas
grandes devoções. Tenho-a como um modelo de dedicação à vida religiosa e
extrema devoção à Santíssima Eucaristia.
____
O
nome da Bem-Aventurada é Imelda Lambertini. Ela nasceu em Bolonha
(Itália) no ano de 1322. Desde pequena sempre cultivou um imenso amor pela
oração, pois crescera em um ambiente católico, onde seus pais davam a ela uma
educação cristão de grande valor e de sólidas bases. O seu amor pela oração e
pelas coisas de Deus era exatamente o seu diferencial e motivo de atenção
especial pelos seus pais. Ela sempre se escondia nos locais
"obscuros" de sua casa para rezar em silêncio, escondida do mundo,
mas vista apenas por Deus.
O
seu amor pela oração lhe criou na alma um desejo enorme de ser freira
dominicana, isso com apenas 9 anos de idade! Claro que, assim como ocorreria
nos dias de hoje, ela não foi aceita por causa da pouca idade. Mas Imelda
possuía uma santa insistência que resultou numa conversa entre seus
pais e a Madre Superiora do convento das irmãs dominicanas.
Perguntaram
então a ela o que a atraía no convento das irmãs dominicanas, Imelda respondeu: "Nosso
Senhor". Nota-se que apesar dela ser apenas uma criança de 9 anos,
devido a sua grande devoção pela oração, ela desenvolveu um extraordinário
discernimento pelas coisas do Altíssimo.
A
madre superiora das dominicanas pediu a devida permissão aos pais de Imelda
para que ela pudesse se mudar para o convento. Sob conditio, Imelda
não deveria realizar no convento as tarefas árduas e pesadas, mas pequenas tarefas
por causa de sua pouca idade, o que a pequena Imelda à princípio não aceitava,
pois queria seguir em tudo o que as outras irmãs faziam. A madre pedia para que
ela não acordasse tão cedo para rezar na companhia das demais freiras, porém, a
grande paixão de Imelda era rezar, portanto acordava cedo e rezava em silêncio
pelos corredores do convento.
Apesar
de todo seu amor pela ordem São Domingos e por Nosso Senhor Eucarístico, Imelda
tinha apenas 9 anos e as normas da Santa Igreja permitia que apenas as crianças
que possuíam mais de 12 anos poderiam comungar. Imelda passava horas e mais
horas em adoração diante do Santíssimo Sacramento, havia vezes que de tanto
rezar diante do Sacrário onde Nosso Senhor morava, sua singela face se
transfigurava de alegria. O grande pedido de Imelda era que pudesse receber
Nosso Senhor na Sagrada Comunhão, apesar de sua pouca idade.
Em
1333, Imelda completou seus 11 anos de idade. Como era costume: após a Missa e
após todas as freiras saírem da capela, Imelda ficava um pouco mais de tempo
diante do Santíssimo Sacramento em profunda oração, fazendo companhia a Nosso
Senhor. Quantas horas santas a pequena Beata deve ter feito diante do
Sacrário!
Passou-se
muito tempo sem que se tivesse "notícias" da pequena Imelda, então
umas das freiras do convento voltou para a capela e lá encontrou Imelda em
posição de oração, mas com algo extraordinário acontecendo: com a Hóstia
flutuando diante da criança e emitindo uma luz que ia direto para Imelda. A
freira logo chamou todas as outras irmãs e o padre que tinha celebrado a Missa
anteriormente para que pudessem ver o extraordinário milagre que Deus ali fazia
e que estava acontecendo diante dos olhos de todos.
O
padre tomou o santo conhecimento de que aquele era o momento que Imelda deveria
fazer a sua tão esperada Primeira Comunhão. O santo sacerdote aproximou-se com
uma patena de ouro em suas mãos, fazendo com que a Hóstia tenha deitado sobre
ela, e então entregou a primeira Eucaristia à pequena Imelda Lambertini.
Após
ter recebido Nosso Senhor na Eucaristia pela primeira vez, o rosto de Imelda se
transfigurou em uma alegria que irradiava a todos os presentes que assistiram
àquele grande milagre. Tendo-se repousado para oração, lá permaneceu por muito
tempo, como já era de costume. Mas o tempo foi passando, Imelda continuava em
oração, recolhida, diante dos olhos de todos. Uma das freiras se aproximou para
tocar Imelda e eis que esta cai no chão morta. Morta de alegria!
Lembramos
- nos então das palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo "Deixai vir a mim
estas criancinhas e não as impeçais, porque o Reino dos céus é para aqueles que
se lhes assemelham."
Então
com aquele extraordinário acontecimento a freira lembrou-se do que Imelda
Lambertini sempre dizia quando estava na presença das irmãs: "Como
é que as pessoas não morrem de alegria quando recebem Nosso Senhor na
Eucaristia?".
E
assim termina a história terrestre da pequena Imelda Lambertini, que tão nova,
teve uma morte santa, merecimento de uma vida dedicada à oração e à adoração ao
Santíssimo Sacramento. Tão pouco viveu, quanto se fez! Não deixou escrito
algum, mas quantos livros poderiam preencher toda a sua devoção pelo Santíssimo
Sacramento? Quantos livros poderiam preencher o seu testemunho e a sua morte?
Imelda
Lambertini foi proclamada beata em 1826 sob o pontificado do Papa Leão XII,
grande opositor das doutrinas heréticas e anti-católicas. Foi proclamada
Patrona das Primeiras Comunhões em 1910 pelo Papa São Pio X (cuja uma
lenda diz que o Santo Padre também queria desde criança comungar, mas que não
podia por causa de sua pouca idade, então, quando já Papa, e no mesmo ano em
que proclamou Imelda como Patrona das Primeiras Comunhões, permitiu que as
crianças com menos de 12 anos pudesse comungar, sendo necessária a observância
das exigências básicas para que seja concretizado tal feito).
O
corpo da Beata Imelda Lambertini continua intacto após mais de 675 anos em sua
cidade Bolonha, interior da Itália.
Orações à Beata Imelda Lambertini:
Senhor
Jesus, que havendo abrasado com o fogo do vosso amor e recriado milagrosamente
com o alimento da Imaculada Hóstia, a Bem Aventurada Imelda, a recebestes no
céu, concedendo-nos por sua intercessão aproximar-nos da Sagrada Mesa
com o mesmo amor de caridade que ela, de tal maneira que ansiamos separarmos do
corpo para unirmos a Vós, que viveis e reinais com o Pai e o Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos. Amém.
____
Reflexão:
A
meditação da história da pequena Imelda, traduz o pleno conhecimento, o
cristalino panorama que uma menina de apenas 11 anos tinha sobre as verdades
divinas. Visão tão clara que Imelda não entendia como as pessoas não morriam ao
receber Jesus na Eucaristia. São Tomás de Aquino, a respeito desse amor
eucarístico, certa vez declarou:
"O Martírio não é nada em comparação com a Santa
Missa. Pelo martírio, o homem oferece a Deus a sua vida; na Santa Missa, porém,
Deus dá o seu Corpo e o seu Sangue em sacrifício para os homens. Se o homem
reconhecesse devidamente esse mistério, morreria de amor".
Amolece,
Senhor, o nosso coração petrificado. Aclara, Senhor, nossa visão, obscurecida
pelas ilusões mundanas. Abre nossa mente, Senhor, para que possamos compreender
a sublimidade da Eucaristia. Tende piedade de nós, Senhor, pela nossa
indiferença na fila da Comunhão.
Aproxima-nos,
Senhor, do sacramento da Penitência, para que possamos Te receber com a casa
limpa, livre das imundícies que todos os dias deixamos agregar à alma. Não
permitais, jamais, Senhor, que Te recebamos indignamente. Piedade, Senhor, piedade
de nós e da humanidade inteira. Te adoramos na Eucaristia e imploramos, por
intercessão de Maria, que o Pão do Céu seja para nós SEMPRE: alimento
espiritual, remédio para a alma, força na luta contra o mal, consolo nas
tribulações e proteção constante na caminhada terrena. Amém!
Texto
(Fonte): http://www.catolicostradicionais.com.br/2011/04/historia-da-beata-imelda-lambertini.html
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